terça-feira, 6 de julho de 2010

Passo




Mil passos calados
Me guiam para longe
Sem saber ao certo
Destino ou sorte

Praguejo, esmoreço... sigo.
Numa travessia imprecisa
Teço círculos.
Confundo-me.
Acerto o passo.
O ritmo oscila entre poente e nascente.
Paro e me revigoro
no vigor do abandono,
Me ponho em prontidão.

 
Em dias amenos sou leve e
passo
Noutros pouso,

e como ave, num vício triste de liberdade,
Sempre parto batendo asas,
antes que comece a gostar.


 

domingo, 4 de julho de 2010

Fragmentos I





         Na ausência o tinha com saudade aflita, num querer contínuo, suave e puro. Limitava-se a não entender como quem sabe das coisas plenamente sem dar-lhes nomes. Calado o sentimento grita, entendia sem perguntar o por quê. Talvez os astros, o destino ou o acaso a jogara naquela armadilha... Sentia sua respiração, pressentia cada gesto, cada sussurro era um toque em seu corpo e nada mais importava só aquele gosto doce e novo em sua boca.

 

sábado, 3 de julho de 2010

Haicais para dias de Chuva


 





 
Haicai - I
 
Uma gota cai
Molha a folha torta e borra
Letras em vitrais


Haicai – II

Gosto acre tortura
Sendo assim a nuvem cospe
E não chora a chuva


Haicai – III

Depois destas palmas
O sol dorme nesta praia
Precipita a chuva





quinta-feira, 1 de julho de 2010

  

Estrada

As luzes correm em borrões,
deixando um silêncio oco pelo caminho.
Numa estrada comprida
"With Arms Wide Open" começa a tocar...

Vago entre ponteiros e asfalto
Mas contar as horas é pouco
Agora sei que elas me vem pesadas,
sem que haja dor ou tristeza.
Elas não me dizem nada,
e por um instante recuo os pensamentos,
ajeito a manga da camisa xadrez,
sigo mudo,
segue mundo.
"I hope", "I hope" ...toca mais uma vez.